19 de setembro de 2024
SEM CATEGORIA

Em recorde histórico, discos de vinil superam vendas de CDs: você sabe como usar um?

Levantamento mostra que antigo formato tem 71% do setor musical, mas nem todos sabem como usar um vinil, então preparamos algumas dicas

O relatório anual da Associação da Indústria Fonográfica dos EUA – a RIAA – revelou que os discos de vinil fecharam o ano de 2022 com 71% do mercado musical do país, vendendo 41 milhões de unidades versus 33 milhões de CDs. É a primeira vez que o vinil supera o CD em 36 anos: a última vez que isso ocorreu foi em 1987.

O formato vem se destacando com muita força nos últimos anos pois, em meio à crescente adoção do streaming musical por meio de plataformas digitais, o vinil – formato inventado em 1931 e dado como “morto” em meados de 1991 – tem vivido um ressurgimento desde o começo dos anos 2010, majoritariamente pelo interesse de colecionadores e outros especialistas audiófilos.

Imagem mostra vários discos de vinil espalhados na tela

O vazio que separa os dois formatos no relatório mais recente é ainda mais evidente do ponto de vista financeiro: enquanto os discos compactos venderam “apenas” US$ 482,6 milhões (algo perto de R$ 2,52 bilhões), o vinil atingiu a marca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,28 bilhões).

A superação em si não é bem a novidade: desde 2020, ano a ano, o vinil tem vendido mais que o CD, mas o final de 2022 revelou uma tendência mais intensa – o formato mais antigo ampliou sua pegada de mercado em 17%, ao passo em que os CDs tiveram queda de 18%.

Obviamente, os meios digitais, mais convenientes e acessíveis, ainda são o líder de mercado: segundo a RIAA, o streaming – capitaneado por SpotifyYouTube MusicApple Music e empresas similares – corresponde a 92,3% de todo o setor (abrangendo mídias físicas e digitais, sem distinção). Em “dinheiros”, isso corresponde a um faturamento de US$ 15,9 bilhões (R$ 83,21 bilhões) em 2022. A projeção de crescimento, no entanto, foi menor: entre 6% e 8%, chefiada por mudanças em planos de assinaturas de algumas dessas plataformas.

“De uma forma generalizada, o ano de 2022 foi impressionante para o crescimento-sobre-crescimento sustentado de mais de uma década após a explosão do streaming no cenário musical. Continuando essa longa jornada, o faturamento de fontes de assinatura de streaming agora corresponde a dois terços da indústria.” – Mitch Glazier, CEO e chairman da RIAA.

Ah, sim. E falando sobre números, as músicas baixadas – e por “baixadas” não nos referimos às que você tem direito ao pagar uma plataforma de streaming…estamos falando das baixaaaaadas, entende? – caíram fortemente, sinalizando o “canto do cisne” para o formato: foram apenas US$ 495 milhões (R$ 2,59 bilhões) de faturamento. Sim, é um valor final maior que os CDs, mas considere que as músicas obtidas via download caíram 20% na contagem ano-a-ano, e cerca de 85% em relação ao seu auge, em 2012.

 

Como ouvir um vinil

Para vocês que ainda não sofrem com a calvície e as crises de meia idade, o vinil era o formato padrão para se ouvir música entre os anos 30 e 90. Antigamente correspondendo a 12 polegadas de diâmetro, os discos foram eventualmente se encolhendo até chegarem aos famosos “long plays” (LPs) – estes são os modelos mais famosos e que provavelmente você se lembra da casa do seu avô.

Entretanto, a atual ressurgência do modelo não é uma atividade muito simplificada de se curtir – ou, ao menos, não tão fácil quanto alguns cliques e seu cartão de crédito para assinar o Spotify: ele requer atenção e investimento. Não chamaríamos isso de “difícil” – afinal, é jogar o disco no aparelho e posicionar a agulha para a música começar a tocar – mas ainda assim, ele dá um certo trabalho.

Essencialmente, tudo começa na busca pelo aparelho: as antigas “vitrolas” já foram há muito substituídas por máquinas de reprodução similar, mas com recursos bem mais tecnológicos. Felizmente, esta parte já passou por um certo barateamento, então, assim como os PCs, existem modelos com preços astronômicos, mas também aqueles mais modestos.

A boa notícia: mesmo as máquinas antigas, desde que bem cuidadas, ainda podem funcionar bem – se você procurar em sebos e lojas especializadas em artigos antigos, facilmente encontrará qualquer vitrola da Aiwa ou Gradiente. Até mesmo brechós e leilões de e-commerce ou das entidades governamentais oferecem itens do tipo de tempos em tempos.

Agora, se você quiser uma máquina mais contemporânea, sem uso e com garantia, não tem jeito: tire o escorpião do bolso, pois as mais baratas, disponíveis em magazines e livrarias especializadas como no e-commerce, não saem por menos de R$ 400 no modelo mais simples.